O mês de abril a várias datas, muitas conhecidas e estudadas nas escolas. Contudo, há uma data muito importante, e pouco divulgada.Dia 13 de abril, dia do Hino Nacional Brasileiro.
Hino do Brasil
Hino executado em continência à Bandeira Nacional e ao presidente da República, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal, assim como em outros casos determinados pelos regulamentos de continência ou cortesia internacional. Sua execução é permitida ainda na abertura de sessões cívicas, nas cerimônias religiosas de caráter patriótico e antes de eventos desportivos internacionais.
A música do hino é de Francisco Manuel da Silva e foi inicialmente composta para banda. Em 1831, tornou-se popular com versos que comemoravam a abdicação de D. Pedro I. Posteriormente, à época da coroação de D. Pedro II, sua letra foi trocada e a composição, devido a sua popularidade, passou a ser considerada como o hino nacional brasileiro, embora não tenha sido oficializada como tal. Após a Proclamação da República os governantes abriram um concurso para a oficialização de um novo hino, ganho por Leopoldo Miguez. Entretanto, com as manifestações populares contrárias à adopção do novo hino, o presidente da República, Deodoro da Fonseca, oficializou como Hino Nacional Brasileiro a composição de Francisco Manuel da Silva, estabelecendo que a composição de Leopoldo Miguez seria o Hino da Proclamação da República. Durante o centenário da Proclamação da Independência, em 1922, finalmente a letra escrita pelo poeta e jornalista Joaquim Osório Duque Estrada tornou-se oficial. A orquestração do hino é de Antônio Assis Republicano e sua instrumentação para banda é do tenente António Pinto Júnior. A adaptação vocal foi feita por Alberto Nepomuceno e é proibida a execução de quaisquer outros arranjos vocais ou artístico-instrumentais do hino.
A música do Hino Nacional do Brasil foi composta em 1822, por Francisco Manuel da Silva, para comemorar a Independência do país. Essa música tornou-se bastante popular durante os anos seguintes, e recebeu duas letras. A primeira letra foi produzida quando Dom Pedro I abdicou do trono, e a segunda na época da coroação de Dom Pedro II. Ambas versões, entretanto, caíram no esquecimento.
Após a Proclamação da República em 1889, um concurso foi realizado para escolher um novo Hino Nacional. A música vencedora, entretanto, foi hostilizada pelo público e pelo próprio Marechal Deodoro da Fonseca. Esta composição (“Liberdade, liberdade! Abre as asas sobre nós!…”) seria oficializada como Hino da Proclamação da República do Brasil, e a música original, de Francisco Manuel da Silva, continuou como hino oficial. Somente em 1906 foi realizado um novo concurso para a escolha da melhor letra que se adaptasse ao hino, e o poema declarado vencedor foi o de Joaquim Osório Duque Estrada, em 1909, que foi oficializado por Decreto do Presidente Epitácio Pessoa em 1922 e permanece até hoje.
Respeito ao Hino e legislação
De acordo com o Capítulo V da Lei 5.700 (01/09/1971), que trata dos símbolos nacionais, durante a execução do Hino Nacional, todos devem tomar atitude de respeito, de pé e em silêncio. Civis do sexo masculino com a cabeça descoberta e os militares em continência, segundo os regulamentos das respectivas corporações. Além disso, é vedada qualquer outra forma de saudação (gestual ou vocal como, por exemplo, aplausos, gritos de ordem ou manifestações ostensivas do gênero, sendo estas desrespeitosas ou não).
Segundo a Secção II da mesma lei, execuções simplesmente instrumentais devem ser tocadas sem repetição e execuções vocais devem sempre apresentar as duas partes do poema cantadas em uníssono. Portanto, em caso de execução instrumental prevista no cerimonial, não se deve acompanhar a execução cantando, deve-se manter, conforme descrito acima, em silêncio.
Em caso de cerimônia em que se tenha que executar um hino nacional estrangeiro, este deve, por cortesia, preceder o Hino Nacional Brasileiro.
Hino do Brasil
Ouviram do Ipiranga às margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante,
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte !
Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve !
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce.
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.
Gigante pela Própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza,
Terra adorada.
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada !
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil.
Deitado eternamente em berço esplêndido
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América
Iluminado ao sol do Novo Mundo !
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos lindos campos têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida, no teu seio, mais amores.
Ó pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve !
Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro desta flâmula
Paz no futuro e glória no passado.
Mas se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme quem te adora a própria morte
Terra adorada.
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada !
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil.
Vocabulário (Glossário) do Hino do Brasil
Plácidas: calmas, tranquilas.
Ipiranga: Rio onde às margens D. Pedro I proclamou a Independência do Brasil em 7 de Setembro de 1822.
Brado: Grito.
Retumbante: som que se espalha com barulho.
Fúlgido: que brilha, cintilante.
Penhor: garantia.
Idolatrada: Cultuada, amada.
Vívido: intenso.
Formoso: lindo, belo.
Límpido: puro, que não está poluído.
Cruzeiro: Constelação (estrelas) do Cruzeiro do Sul.
Resplandece: que brilha, iluminada.
Impávido: corajoso.
Colosso: grande.
Espelha: reflete.
Gentil: Generoso, acolhedor.
Fulguras: Brilhas, desponta com importância.
Florão: flor de ouro.
Garrida: Florida, enfeitada com flores.
Idolatrada: Cultivada, amada acima de tudo.
Lábaro: bandeira.
Ostentas: Mostras com orgulho.
Flâmula: Bandeira.
Clava: arma primitiva de guerra, tacape.
A parte instrumental da introdução do Hino Nacional Brasileiro possuía uma letra, que acabou excluída da sua versão oficial do hino.
Essa letra é atribuída a Américo de Moura, natural de Pindamonhangaba, presidente da província do Rio de Janeiro nos anos de 1879 e 1880 e apresenta os seguintes versos.
Espera o Brasil
Que todos cumprais
Com o vosso dever.
Eia avante, brasileiros,
Sempre avante!
Gravai com buril
Nos pátrios anais
Do vosso poder.
Eia avante, brasileiros,
Sempre avante!
Servi o Brasil
Sem esmorecer,
Com ânimo audaz
Cumpri o dever,
Na guerra e na paz,
À sombra da lei,
À brisa gentil
O lábaro erguei
Do belo Brasil.
Eia sus, oh sus!
Versão em Tupi
Embeyba Ypiranga sui, pitúua,
Ocendu kirimbáua sacemossú
Cuaracy picirungára, cendyua,
Retama yuakaupé, berabussú.
Cepy quá iauessáua sui ramé,
Itayiuá irumo, iraporepy,
Mumutara sáua, ne pyá upé,
I manossáua oiko iané cepy.
Iassalssú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !
Brasil ker pi upé, cuaracyáua,
Caissú í saarússáua sui ouié,
Marecê, ne yuakaupé, poranga.
Ocenipuca Curussa iepé !
Turussú reikô, ara rupí, teen,
Ndê poranga, i santáua, ticikyié
Ndê cury quá mbaé-ussú omeen.
Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reikô Brasil,
Ndê, iyaissú !
Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú, Brasil!
Ienotyua catú pupé reicô,
Memê, paráteapú, quá ara upé,
Ndê recendy, potyr America sui.
I Cuaracy omucendy iané !
Inti orecó purangáua pyré
Ndê nhu soryssára omeen potyra pyré,
ìCicué pyré orecó iané caaussúî.
Iané cicué, ìndê pyá upé, saissú pyréî.
Iassalsú ndê,
Oh moetéua
Auê, Auê !
Brasil, ndê pana iacy-tatá-uára
Toicô rangáua quá caissú retê,
I quá-pana iakyra-tauá tonhee
Cuire catuana, ieorobiára kuecê.
Supí tacape repuama remé
Ne mira apgáua omaramunhã,
Iamoetê ndê, inti iacekyé.
Yby moetéua,
Ndê remundú,
Reicô Brasil,
Ndê, iyaissú !
Mira quá yuy sui sy catú,
Ndê, ixaissú,
Brasil!
Carlos Leite Ribeiro.
Pequena Biografia de Joaquim Osório Duque-Estrada
Joaquim Osório Duque-Estrada nasceu em Pati do Alferes a 29 de abril de 1870 e faleceu a 5 de fevereiro de 1927, na Cidade do Rio de Janeiro. Filho do Tenente-Coronel, Luiz de Azevedo Coutinho Duque-Estrada e Dna. Mariana Delfim Duque-Estrada, era afilhado do General Osório, Marques do Herval, de quem recebeu o segundo nome. Cursou o Colégio Pedro II onde, em 1887, Silvio Romero o distinguiu entre os alunos prefaciando o seu primeiro livro de poesias, Alvéolos. Recebeu o grau de bacharel em letras em 1888.
Publicou 27 livros – poesias, didáticos, peças teatrais, conferências, traduções e libretos de operas – destacando além de Alvéolos, Flora de Maio, A Arte de Fazer Versos e A Abolição, este com prefácio de Rui Barbosa.
Foi critico-literário, mantendo por muito tempo a secção “ Registro Literário “ no “Correio da Manhã”, no “Imparcial” e no “Jornal do Brasil”.
Em 1888 escreveu os primeiros ensaios como um dos auxiliares de José do Patrocínio na campanha da abolição. Nesse ano alistou-se nas fileiras republicanas, ao lado de Silva Jardim, entrando para o Centro Lopes Trovão. Em 1891dedicou-se à diplomacia sendo nomeado 2º Secretário de Alegação, no Paraguai. De 1893 a 1896, morou em Minas Gerais, onde foi redator do “Eco de Cataguazes”.
Destacou-se no magistério como professor e inspetor-geral de ensino, até o ano de 1902, quando foi nomeado regente interino da cadeira de História Geral e do Brasil no Colégio Pedro II. Voltou à imprensa e colaborou com quase todos os jornais do Rio de Janeiro.
Foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1915, na vaga de Silvio Romero, sendo o segundo ocupante da cadeira nº 17, que tem como patrono, Hipólito da Costa. Seu discurso de posse foi respondido por Coelho Neto.
Em outubro de 1909 elaborou o seu “Projeto de Letra Para o Hino Nacional Brasileiro”, aprovado oficialmente, por Decreto em 06 de setembro de 1922, véspera da comemoração do centenário da Independência.
Os belos e patrióticos versos do nosso glorioso Hino Nacional, magnificamente adaptados à música de Francisco Manuel da Silva, composta em 1822, consagrou para sempre o nome de Osório Duque Estrada, como bem se expressa Roquete Pinto, seu sucessor na Academia Brasileira de Letras: “Seu pensamento há de palpitar por entre gerações: a gente pequenina, hoje mais feliz que a do meu tempo, pode cantar o Hino de Francisco Manuel”.
Pequena Biografia de Francisco Manuel da Silva
Compositor, regente, violoncelista e professor, nasceu na Cidade do Rio de Janeiro, a 21 de fevereiro de 1795.
Começou a estudar música ainda menino com o padre José Maurício Nunes Garcia. Aos 10 anos passou a estudar violoncelo e, quatro anos depois ingressou como soprano no Coro da Capela Real. Em 1816, passou a estudar contra-ponto e composição. Em 1825, era o Segundo Violoncelo da Capela Imperial. A 14 de abril de 1831, no Teatro São Pedro de Alcântara foi executado um hino de sua autoria, que teria sido composto naquele ano para comemorar o "7 de abril" (abdicação de D. Pedro I) e que, mais tarde, se transformaria no Hino Nacional Brasileiro. Segundo alguns autores, entretanto, o hino foi composto em 1822/1823, para comemorar a Independência do Brasil.
Em 1833, fundou a Sociedade Beneficência Musical, da qual foi eleito presidente. Em 1841, assumiu o cargo de Mestre Geral da Capela Imperial e em 1842, foi nomeado, Mestre Compositor da Capela Imperial. Ocupou cargos de direção de vários teatros e companhias líricas.
Além de outros hinos, compôs música instrumental, música vocal e um repertório extenso de música sacra. Foi condecorado com a “Ordem Rosa”, no grau de Oficial, em 1857.
Em 1863 realizou o lançamento da pedra fundamental da sede do Conservatório de Música. Sua última música foi “Peça para soprano, harpa, harmônio e orquestra” executada na Igreja São Francisco de Paula. Faleceu a 18 de dezembro de 1865, vitima de Tísica Laringopulmonar.